Espondilite Anquilosante / Espondiloartrites em Florianópolis/SC

As espondiloartrites são um grupo de doenças caracterizadas por envolvimento inflamatório do esqueleto axial (coluna, articulações sacroilíacas), de articulações periféricas, por entesite (inflamação das enteses, como são chamadas as extremidades de tendões e ligamentos próximas às suas inserções ósseas) e por manifestações extra-articulares, como uveíte, psoríase, colite, pioderma gangrenoso, ectasia de aorta, fibrose pulmonar, entre outros. Fazem parte desse grupo: espondiltie anquilsoante, artrite psoriásia, artrites enteroartropáticas e artrites reativas.

A espondilite anquilosante, a doença mais característica das espondioartrites, foi nomeada por suas principais características: espondilite significa inflamação das vértebras e anquilosante decorre da tendência a provocar anquilose, ou seja, fusão dos ossos. De fato, a espondilite anquilosante é caracterizada por envolvimento inflamatório das articulações sacroiláicas e da coluna vertebral, que resulta em dor intensa e limitações. Em geral costumam ter dor mais intensa ao acordar, geralmente acompanhada por grande dificuldade de movimentação do tronco. Muitas vezes a dor pode ser intensa a ponto de despertar o paciente. Quando não tratado, esse tipo de envolvimento pode resultar em fusão dos ligamentos e articulações da coluna vertebral, resultando perda progressiva e definitiva da mobilidade do tronco. Em fases finais, o paciente pode desenvolver a chamada “ posição do esquiador”.

De modo geral, toda dor na coluna (cervical, dorsal ou lombar) mais intensa à noite ou após o repouso pode representar manifestação de espondiloartrite e merece investigação adequada por um reumatologista.

Qualquer articulação pode ser acometida pelas espondiloartrites. As articulações acometidas geralmente apresentam dor, aumento de volume e redução da mobilidade. A dor e a rigidez costumam ser mais intensos após períodos de repouso, particularmente ao despertar e podem se tornar muito limitantes. Caso não tratado, o processo inflamatório crônico destrói gradualmente as articulações, resultando em sequelas irreversíveis.

O acometimento das inserções de tendões e ligamentos, chamado entesite, causa dores articulares e fasceíte plantar e, da mesma forma, se não tratado, resulta em dores, rigidez e sequelas. Por vezes, a entesite pode ser confundida com tendinites e tendinopatias de outras causas, mas, ao contrário das tendinites de causas mecânicas, que tendem a ser autolimitadas, a entesite da artrite psoriásica é caracterizada pela persistência dos sintomas por longos períodos.

O envolvimento ocular característico das espondiloartrites é a uveíte anterior aguda, processo inflamatório manifesto por dor ocular intensa, hiperemia (vermelhidão) e redução da acuidade visual (visão turva). Apesar dos episódios de uveíte anterior aguda resolverem espontaneamente, repetidos episódios podem resultar em sequelas oculares permanentes.

Processos inflamatórios crônicos não tratados resultam em grande exposição do corpo todo a substâncias (citocinas) pró-inflamatórias. Esse fenômeno pode resultar em complicações como osteoporose e doenças cardiovasculares. O aumento de risco de aterosclerose e de suas manifestações, incluindo infarto do miocárdio e AVC constituindo-se em importante complicação dessas doenças, prevenível com o tratamento adequado.

O diagnóstico das espondiloartrites envolve uma combinação de dados clínicos e achados de exames complementares, particularmente exames de imagem (radiografias e ressonância magnética) da bacia, coluna vertebral. Exames laboratoriais também auxiliam no diagnóstico. A ultrassonografia realizada por médico experiente na avaliação ultrassonográfica dessa doença pode ser muito útil na avaliação de artrites e entesites.

Atualmente diversos medicamentos – incluindo anti-inflamatórios não esteroidais, medicamentos orais e injetáveis, sintéticos e biológicos – podem ser empregados no tratamento da espondilite anquilosante e demais espondiloartrites sendo a escolha determinada pelas características clínicas e pela evolução da cada paciente. O tratamento adequado, embora seja geralmente prolongado, resulta em bom controle dos sintomas, propiciando recuperação da qualidade de vida e pode prevenir sequelas e complicações. O tratamento adequado dessas enfermidades exige constantes reavaliações de eficácia e possíveis efeitos colaterais, com ajustes de doses e medicamentos sempre que necessário. O tratamento adequado e precoce, além de controlar os sintomas, pode, em alguns casos, possibilitar remissão completa, inclusive com suspensão do tratamento.

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Dr. Gláucio Castro

  • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999)
  • Residência Médica em Clínica Médica e Reumatologia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (2003).
  • Área de Atuação em Dor
  • Pós-Graduação em Tratamento Invasivo da Dor - Einstein

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